Pseudoprefixos

Por Vânia Maria do Nascimento Duarte

Os pseudoprefixos possuem uma significação delimitada

 

Procurando tornar mais simples e preciso o estudo que ora nos propomos a discutir, voltemo-nos a exemplos práticos, como, por exemplo, algumas palavras que nos soam bastante familiares, no caso, “ortografia e fonologia”. Ambas se constituem por meio de um mecanismo de composição utilizado para a formação de um tipo específico de palavras conhecidas como compostos eruditos, uma vez dotados de elementos de origem grega e latina. Nesse sentido, temos que orto (proveniente do grego, cujo sentido se atém a correto) + grafia= escrita, bem como fono = som, voz + logia= estudo.

Indo mais além, situemo-nos em outros exemplos, também corriqueiros, tais como “antissocial”, “pré-agendamento”, “pós-cirúrgico”, “autodidata”, “autógrafo”, entre outros. Ora, ao analisarmos tais prefixos, inferimos que esses possuem uma significação independente – aspecto esse que representa apenas um dos fatores que fazem os prefixos adquirirem essa denominação, ou seja, eles representam uma unidade significativa. Tais pressupostos, uma vez analisados, permitem-nos fazer uma diferenciação quanto aos compostos eruditos, visto que esses apresentam um caráter culto e neológico, utilizados para denominar termos técnicos e científicos.

Reforçando ainda mais a ideia da presente denominação (pseudoprefixos), vale mencionar algumas concepções de renomados gramáticos, como Celso Cunha e Lindley Cintra, em que ambos asseveram que além da característica antes mencionada, os pseudoprefixos possuem “uma significação mais ou menos delimitada e presente à consciência dos falantes, de tal modo que o significado do todo a que pertencem se aproxima de um conceito complexo, e portanto de um sintagma”. Voltando a eles, constatamos que o prefixo “anti” (antissocial) denota uma ideia contrária, oposta; “auto” (autógrafo) significa próprio, relativo a si mesmo; “pré” (pré-agendamento) é relativo a algo antecipado; e “pós” (pós-cirúrgico), referente a algo que ocorre depois de um dado acontecimento.

Outro aspecto que a eles é atribuído é a chamada deriva semântica, manifestada por um processo de recomposição, justificado pelo fato de os elementos ingressarem em outras formações com sentido diverso do etimológico, como bem constatamos por meio de outros casos representativos, como a partir do radical electro = âmbar, eletricidade, que forma novos compostos, como “eletrodinâmica e eletroscópio”. De forma semelhante, o processo também ocorre com “autoatendimento e autódromo”, entre outros.


A título de ampliarmos ainda mais nosso conhecimento acerca do assunto, analisemos outros casos:

Pseudoprefixos podem ser entendidos como falsos prefixos

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