Classicismo

Por Warley Souza

O classicismo foi um estilo de época renascentista. O poeta Luís Vaz de Camões foi o principal representante desse estilo em Portugal.

Ilustração de alguns dos elementos que são retomados pelo classicismo.
O classicismo retomou alguns elementos greco-latinos.

Classicismo foi um estilo de época que surgiu durante o renascimento. As poesias clássicas apresentam amor e mulher idealizados, bucolismo, medida nova, e valorizam a harmonia. O poeta Francisco de Sá de Miranda foi o introdutor desse estilo em Portugal, mas o principal poeta do classicismo português foi Camões, autor da epopeia Os Lusíadas.

Leia também: Trovadorismo — o estilo de época que surgiu na Idade Média

Resumo sobre o classicismo

  • O classicismo foi um estilo de época antropocêntrico, pois valorizou a razão e o equilíbrio.

  • Ele surgiu no final do renascimento, isto é, no século XVI, e fez a retomada dos autores da Antiguidade.

  • A medida nova é uma característica estrutural dos poemas clássicos.

  • Em Portugal, o principal nome do classicismo foi o poeta Luís Vaz de Camões.

  • O poema épico Os Lusíadas é a grande obra de Camões e do classicismo português.

Videoaula sobre classicismo

Quais são as características do classicismo?

O classicismo apresentou características humanistas ou renascentistas, portanto, distintas dos valores medievais. As obras desse estilo de época possuem várias referências greco-latinas e caráter antropocêntrico, isto é, valorizam a razão e o pensamento científico. Desse modo, buscam a harmonia e evitam o exagero sentimental.

Portanto, as características da poesia clássica são as seguintes:

  • amor idealizado;

  • mulher idealizada;

  • bucolismo;

  • retomada do poema épico;

  • valorização do carpe diem (aproveitar o momento);

  • reflexão sobre o amor;

  • presença de antíteses e paradoxos;

  • predominância de sonetos;

  • uso da medida nova (versos decassílabos).

Classicismo em Portugal

Ilustração duplicada de Luís Vaz de Camões, o principal autor do classicismo português.
Luís Vaz de Camões foi o principal autor do classicismo português.

Já no século XVI, durante as grandes navegações, Portugal enriquecia e ampliava seu império. Tais feitos eram resultado da evolução científica, que permitiu a existência de caravelas e instrumentos de navegação capazes de levar os portugueses a grandes distâncias oceano afora.

Inevitavelmente, a literatura do país passou a refletir o espírito da época. Desse modo, as características do classicismo começaram a fazer parte das obras de autores portugueses. O responsável por introduzir o classicismo em Portugal foi o escritor Francisco de Sá de Miranda.

Ele retornou ao seu país de origem em 1526, trazendo com ele os ideais humanistas aprendidos na Itália, ainda que sua obra também apresentasse valores medievais. Assim, o grande representante do classicismo português foi Luís Vaz de Camões, autor do poema épico mais importante da língua portuguesa — Os Lusíadas.

Já a poesia lírica camoniana apresenta a medida nova e os seguintes temas:

  • desconcerto do mundo;

  • efemeridade da vida;

  • constantes transformações;

  • sofrimento amoroso.

Principais autores do classicismo

  • Ludovico Ariosto (1474-1533) — Itália

  • Francisco de Sá de Miranda (1481-1558) — Portugal

  • Maurice Scève (1501-1564) — França

  • Garcilaso de la Vega (1503-1536) — Espanha

  • Luís Vaz de Camões (1524-1580) — Portugal

  • Torquato Tasso (1544-1595) — Itália

  • William Shakespeare (1564-1616) — Inglaterra

Principais obras do classicismo

  • Orlando Furioso (1516) — Ludovico Ariosto

  • Éclogas (1542) — Garcilaso de la Vega

  • Délie (1544) — Maurice Scève

  • Os Lusíadas (1572) — Luís Vaz de Camões

  • Jerusalém libertada (1581) — Torquato Tasso

  • Poesias (1595) — Francisco de Sá de Miranda

  • Sonetos (1609) — William Shakespeare

Contexto histórico do classicismo

O classicismo surgiu no final do período histórico conhecido como renascimento. A renascença teve início no século XIV e se estendeu até o final do século XVI, marcando uma transformação no comportamento humano. Assim, com o fim do feudalismo na Europa, os ricos burgueses, para compensar a própria ignorância, começaram a investir em arte e cultura.

Nesse período, houve um enfraquecimento do poder da Igreja e, consequentemente, uma valorização do conhecimento científico. Além disso, os artistas passaram a reverenciar os valores da Antiguidade greco-latina e, desse modo, fizeram uma retomada de seus principais autores. Nesse contexto, o prazer e a beleza voltaram a ser cultivados.

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Leia também: Parnasianismo — outro estilo de época que retomava elementos greco-latinos

Exercícios resolvidos sobre classicismo

Questão 1

(UFJF)

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

CAMÕES, Luís de. Rimas: Primeira parte, Sonetos. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 284.

Na última estrofe do soneto de Camões, o eu lírico constata que:

A) a mudança cotidiana de valores gera espanto.

B) tudo se transforma diariamente no mundo.

C) o bem e o mal deixam marcas eternas.

D) o próprio processo de mudança é instável.

E) o tempo converte o verde em neve e o canto em choro.

Resolução:

Alternativa D

Na última estrofe, o que causa espanto no eu lírico é: “Que não se muda já como soía”. Portanto, segundo ele, as coisas já não mudam mais como costumavam mudar. Dessa forma, o eu poético mostra que a própria mudança é instável, pois também está sujeita à inevitável transformação.

Questão 2

(Enem)

LXXVIII

Leda serenidade deleitosa,
Que representa em terra um paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso;
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;

Presença moderada e graciosa,
Onde ensinando estão despejo e siso
Que se pode por arte e por aviso,
Como por natureza, ser fermosa;

Fala de quem a morte e a vida pende,
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
Repouso nela alegre e comedido:

Estas as armas são com que me rende
E me cativa Amor; mas não que possa
Despojar-me da glória de rendido.

CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008.

A mulher com o unicórnio, pintura de Rafael Sanzio

SANZIO, R. A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese. Disponível em: www.arquipelagos.pt. Acesso em: 29 fev. 2012.

A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes, participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos

A) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos usados no poema.

B) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação de atitudes da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema.

C) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema.

D) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema.

E) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior, evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema.

Resolução:

Alternativa C

Tanto no poema quanto na pintura, a mulher é idealizada, isto é, considerada perfeita. Além dessa característica, o classicismo também valorizou o equilíbrio. Assim, no poema de Camões, o eu lírico descreve uma mulher em perfeita harmonia: serena, um riso doce, rubor na fase branca, moderada, graciosa. Tal sobriedade também pode ser vista na mulher retratada na pintura.

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