Três estratégias argumentativas para melhorar sua redação

Por Mariana do Carmo Pacheco

Estratégias argumentativas são mecanismos fundamentais para que a sua redação – se a proposta for um texto opinativo, por exemplo – alcance o seu objetivo: defesa de posicionamento.

Ter conhecimento sobre as estratégias argumentativas é fundamental para desenvolver um bom texto de opinião
Ter conhecimento sobre as estratégias argumentativas é fundamental para desenvolver um bom texto de opinião

Em um texto de opinião, nosso objetivo é apresentar e defender um posicionamento crítico. Como bem sabemos, para que isso seja alcançado, são necessários alguns cuidados com a elaboração de nosso projeto de texto e o desenvolvimento de cada ideia selecionada por nós.

No texto dissertativo-argumentativo, temos esta organização textual:

Introdução: problematização do tema;

Desenvolvimento: argumentação/fundamentação/defesa do ponto de vista;

Conclusão: balanço da discussão realizada ao longo do texto.

Com essa divisão textual, podemos notar que o desenvolvimento é o maior representante da função principal de um texto dissertativo-argumentativo, uma vez que a parte de maior concentração da argumentação está localizada ali.

Hoje, o sítio de Português, pensando na relevância do desenvolvimento de um texto de opinião, separou três estratégias argumentativas para auxiliá-los na produção de textos argumentativos melhores.

Argumentação por exemplificação

Um exemplo é sempre um elemento que traz força para a defesa de um ponto de vista, visto que é a melhor forma de comprovar uma opinião. Além desse benefício, há outro ganho ao fazer uso dessa estratégia: é um mecanismo bastante acessível. O que isso quer dizer? Há, no geral, três formas de exemplificação, e isso faz com que as possibilidades de uso pelos falantes sejam inúmeras. Observem:

Fatos divulgados na mídia

O artigo 5° da Constituição Federal diz que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza''. Mas, na prática, a legislação brasileira confere o privilégio de não ficar em cárcere comum até o trânsito em julgado de uma decisão penal condenatória para alguns grupos. Como os detentores de diploma de curso superior. Com a decisão do Supremo, esse tempo vai se encurtar, mas a cela especial continua lá.

O Senado Federal havia derrubado essa aberração presente no artigo 295, inciso VII, do Código de Processo Penal, mas a Câmara os Deputados barrou a mudança. Isso é bastante paradigmático em um país em que milhares de pobres seguem presos sem julgamento de primeira instância – um escárnio.”

Leonardo Sakamoto. Acesso em: 23/02/16

*Legenda:

  • o que está destacado na cor verde é a reflexão crítica/opinião do autor em relação ao tema.

  • o que está destacado na cor vermelha é o fato divulgado na mídia.

- Dados estatísticos

“Pesquisa realizada pelo Instituto Data Popular, encomendada pelo Catraca Livre para a campanha “Carnaval sem assédio'', apontou que 61% dos homens abordados afirmaram que uma mulher solteira que vai pular carnaval não pode reclamar de ser cantada e, para 49% dos mancebos, bloco de carnaval não é lugar para mulher “direita”. Além disso, 70% acreditam que as mulheres se sentem felizes quando ouvem um assobio e 59% acham que elas ficam felizes quando ouvem uma cantada na rua.

Nessa hora, não tem como não sonhar com o meteoro vindo e dando reset nas coisas.”

Leonardo Sakamoto. Acesso em: 23/02/16

* Legenda:

  • o que está destacado na cor verde é a reflexão crítica/opinião do autor em relação ao tema.

  • o que está destacado na cor laranja refere-se aos dados estatísticos.

- Situações fictícias

Noite de quarta-feira em Ipanema, bairro carioca de classe média alta. Restaurante da moda, repleto de jovens bem-nascidos, sofre o terceiro ‘arrastão’ do mês. Clientes e funcionários são assaltados e ameaçados de morte. Eis aqui o cotidiano violento da cidade maravilhosa.’’

* Legenda:

  • o que está destacado na cor verde é a reflexão crítica/opinião do autor em relação ao tema.

  • o que está destacado na cor rosa refere-se a uma situação fictícia.

→ Argumento de autoridade

A argumentação de autoridade consiste em apresentar e interpretar a opinião de outros autores. Por que fazer isso em nosso texto? É simples essa resposta: com o objetivo de dar maior sustentação às nossas ideias e credibilidade ao nosso texto, acessamos reflexões de autoridades no assunto (líderes políticos, artistas, filósofos, historiadores) a fim de que as nossas ideias tenham como fundamentação os argumentos de especialistas no tema abordado.

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Os argumentos de autoridade podem ser colocados em prática por meio de:

Citações: é quando citamos, precisamente, a ideia de determinado autor. Nesse caso, as palavras do autor devem estar entre aspas.

O sociólogo Michel Foucault afirma que 'nada é político, tudo é politizável, tudo pode tornar-se político'. A publicidade politiza o que é imprescindível ao consumidor à medida que abarca a função apelativa associada à linguagem empregada na disseminação da imagem de um produto, persuadindo o público-alvo a adquiri-lo.”

Lucas Almeida Francisco, Sergipe. Acesso em: 23/02/2016

* Legenda:

  • o que está destacado na cor vermelha é a citação.

Paráfrases: é quando, com as nossas palavras, apresentamos a ideia de outro autor.

Frase de Karl Marx: “A religião é o ópio do povo.”

Marx considera que a religião é uma forma de alienação. Nela verifica-se a fractura entre o mundo concreto e um mundo ideal, entre o mundo em que o homem vive e o mundo em que ele desejaria viver. Por que razão surge esse mundo ideal? Marx diz que o mundo celeste é o resultado de um protesto da criatura oprimida contra o mundo em que vive e sofre. Ou seja, procura-se um refúgio no mundo divino porque o mundo em que o homem vive é desumano.”

Luis Rodrigues. Acesse em: 23/02/16

* Legenda:

  • o que está destacado na cor azul é a paráfrase.

Argumento por alusão histórica

Assim como na argumentação por citação, a intertextualidade é uma das intenções dessa estratégia. Há, além disso, a relação com a argumentação por exemplificação, uma vez que fatos históricos também são meios que podem comprovar determinada afirmação/reflexão crítica.

Dessa forma, temos, com a alusão histórica, dois benefícios: possibilidade de comprovar a nossa opinião e dar maior credibilidade ao texto, uma vez que ser entendedor da história é demonstrar autoridade no assunto recortado.

O autor, ao fazer uso dessa estratégia argumentativa, estará comparando o passado e o presente e, a partir dessa comparação, tecerá sua reflexão crítica em relação ao recorte histórico realizado. Observem:

Há exatos 122 anos, era declarada ilegal a propriedade de um ser humano sobre outro no Brasil.

Contudo, a Lei Áurea – curta, grossa e lacônica – não previu nenhuma forma de inserir milhões de recém-libertos como cidadãos do país, muitos menos alguma compensação pelos anos de cárcere para que pudessem começar uma vida independente. Para substituir os escravos, veio a imigração de mão-de-obra estrangeira, agora assalariada. Os fazendeiros não precisavam mais comprar trabalhadores, podiam apenas pagar-lhes o mínimo necessário à subsistência. Ou nem isso.

Enquanto isso, o trabalho escravo moderno deu lugar a formas contemporâneas de escravidão, em que trata-se o trabalhador como animal, explora-se sua força física aos limites da exaustão e cria-se maneiras de prendê-lo à terra, seja por dívidas ilegais, seja por qualquer outra forma.”

Leonardo Sakamoto. Acesso em: 23/02/16

* Legenda:

  • o que está marcado na cor laranja são as referências ao passado que se relacionam com aspectos do presente.

 

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